Pneumologia e Saúde Respiratória
O Prof. Doutor Duarte Araújo, relata algumas histórias com o intuito de alertar sobre o benefício do aconselhamento precoce das doenças respiratórias:
História 1
Diamantino Silva, de 55 anos, há muito que sentia tosse e expetoração, pelo menos durante a manhã. Todas as manhãs. Como fumava muito, atribuía as queixas ao tabaco. De verão custava-lhe a respirar, culpava o calor. De inverno tossia tanto que ao almoço se engasgava com a sopa e à noite parecia que tinha a tosse escondida dentro na travesseira. Então culpava o frio e a chuva, mas sobretudo o vento, nos dias mais rigorosos. A esposa tanto andou que o conseguiu levar, contra vontade, a uma consulta de pneumologia. Ao final de alguns dias sentia-se como novo, já não se lembrava de se sentir tão bem – «foi como quem deitou água no lume, mulher!» Sabia que tinha de ganhar coragem para deixar de fumar, claro, mas deixara de ter medo das costeiras ou de contar os lanços de escadas do prédio onde vivia. Afinal era a «bronquite», em que se recusara a acreditar. No seu caso estava relacionada com o tabaco, mas sabia agora que quase metade das pessoas com esta doença nunca fumaram, sobretudo senhoras.
A doença pulmonar obstrutiva crónica é uma doença insidiosa e progressiva. Tão traiçoeira que é a 3ª causa de morte a nível mundial. Mas é tratável, e com resultados tanto melhores quando mais cedo se procurar ajuda.
História 2
Inês Silva, 18 anos, nunca mais foi a mesma desde que veio estudar para Guimarães. Raros eram os dias que não tivesse pieira, geralmente ao anoitecer. A tosse era tão irritativa que lhe apetecia meter os dedos pela garganta abaixo, e coçar até ficar bem. Tinham-lhe dito que em criança de colo andava sempre a fazer bronquiolites, mais crescida ainda se lembrava de evitar as aulas de educação física, por não suportar os exercícios mais exigentes ou estar sempre constipada. Seria do novo quarto que alugara agora, mais velho e húmido? Seria o stress da mudança de cidade, ou das novas responsabilidades, na universidade? Teria de abandonar a tuna feminina, onde tanto gostava de cantar?
A asma brônquica é uma doença respiratória extremamente frequente. É tão heterogénea que às vezes nem os doentes nem os médicos dela desconfiam, pelo menos no início. E, no entanto, quase todos os doentes podem voltar a andar completamente bem, sem queixas, com vidas perfeitamente normais. É este o desafio do pneumologista, a total realização dos doentes – no trabalho, na escola, no desporto e nas brincadeiras. Porque a vida é divertida.
